Adriana Vernalha
3 min readMay 9, 2019

Lugares para ser.

Saímos de casa para ir a um destino determinado e quando chegamos somos esperados a agir também de forma determinada.

Ao me sentar em um espaço dedicado a leitura, como nas livrarias hoje em dia, não é somente mais uma loja com o intuito de vender os livros, é também um espaço de lazer, onde pessoas marcam como pontos de encontro, vão para reuniões e cafés da tarde e também especificamente para ler.

Hoje fui em uma livraria onde subindo as escadas tem um café, o café da livraria. Fui me sentar pois estava bem chuvoso lá fora na rua e precisava esperar até as seis horas da tarde para poder ir até outro destino.

Chegando nos últimos degraus já avistei alguns possíveis locais para sentar, pedi um café, um shot (era BEM pequeno) e uma bolinha doce, desses novos doces veganos que agora se encontram em vários locais à disposição e fui me sentar.

Escolhi um sofázinho, até que confortável, me distrai um pouco com meu celular e peguei meu caderninho companheiro onde escrevi algumas anotações das quais fazem parte aqui deste texto.

Já tinha ido neste local algumas outras vezes, nas primeiras pra olhar e acabei comprando livros, na última vez que estive lá comprei um e foi a primeira vez que subi pra tomar o tal cafézinho da livraria e realmente sentei e li, no local feito para ler.

As ações e reações hoje em dia são esperadas por pessoas inesperadas. Sou suposta a vir nestes locais para me sentir inspirada? Para ler ou ser mais criativa? Na minha realidade não, me distraio com a minha própria mente observando as pessoas agindo da maneira esperada em locais próprios daquele comportamento e me sinto também vigiada pelos outros pelo mesmo motivo. As vezes eu consigo sim relaxar e ler mas nada como estar FORA da LIVRARIA, sem barulhos interruptores para poder se concentrar (não que em outros espaços não existam barulhos), eu realmente aprecio o silêncio nessas horas, pois são horas de reflexões e demoramento - é uma palavra? - eu gosto de entender a leitura a qual estou me dedicando, eu gosto de ler alto para mim mesma e falar UAAAU, entendi tudinho.

Se vou à um restaurante, vou para comer e para confraternizar.

Se vou à uma livraria, vou para comprar livros e ler, conversar e tomar um café, para estar presente em uma tarde de autógrafos.

Se vou à uma loja de roupas, para comprar e só para dar uma olhadinha.

Se vou para o cinema, vou para rir, para, chorar, para comer pipoca e mais importante, para REFLETIR sobre a vida e não colocá-la de lado (pois este é o papel da arte).

Se vou para um museu, vou para andar, para analisar e admirar, para bocejar, para desenhar, para me inspirar, para escrever, para tentar entender, para não entender e tentar explicar mesmo assim e para comprar na lojinha no final.

Se vou para rua, vou para me destinar, para ocupar, para protestar, para SER. a Rua é o local onde tudo está e tudo é, é onde o velho e o novo se cruzam e vivem juntos suas histórias. E não é a toa que as lojas estão vindo pra rua, a comida de rua é uma potência cultural incrível, a rua é onde tudo acontece.

A rua é o local mais democrático que existe. A internet também e a gente faz tudo isso online.

Adriana Vernalha

A Human Exploring Her Creative Nature. Sometimes in Portuguese Sometimes in English @adrianavernalha